Todos os dias era a mesma coisa.Mal amanhecia,Roberval atrelava a mula a carroça e em trotes lento,iam para a praça do mercado a espera de de carretos.Enquanto aguardava por possíveis fregueses,sentado no botequim do Alfeu,Roberval falava da vida alheia.Do lado de fora,Mansinha(assim se chamava a mula),sacudia as orelhas para fugir dos ataques dos mosquitos.Não aparecendo serviço até as dez da manhã,Roberval desatrelava a mula e a deixava pastando por ali em um lote vago. Certo dia porém,tendo deixado Mansinha a pastar,enquanto se ocupava elogiando de maneira nada agradável alguns habitantes locais,não viu quando um moleque desamarrou e com duas palmadas espantou a mulinha,que desembestou ladeira a baixo.Só depois de meia hora é que vieram contar o acontecido. Enquanto isso,o animal já tinha sido recolhido pelo caminhão da prefeitura. Na repartição pública,o carroceiro insistiu em falar pessoalmente com o prefeito,(já que que foram colegas de escola)mas a secretária gorducha e cinquentona(po isso mesmo mal humorada),disse ser impossível incomodar o exmo,por tal bobagem. Possesso e com voz esganiçada,Roberval ameaçava processar,fazer e acontecer,caso algo ruim sucedesse a sua preciosa mulinha. Com aparente má vontade,a secretária indicou um funcionario responsável pelo setor de captura de animais,e depois de muito blablabla,o carroceiro após pagar uma taxa(nada simbólica),teve permissão de buscar Mansinha em tres dias. Sua alegria porém durou pouco.A friagem,a má alimentaçao aliadas a velhice,deram cabo da mulinha. Muito chateado,Roberval chora no buteco,a perda do animal e do dinheiro pago pela sua soltura.
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